quinta-feira, fevereiro 08, 2007

CAPITULO III

A Anabela viveu toda a vida feliz com o marido, mas sempre lhe faltou algo! Em conversas com as amigas, nunca soube definir o que lhe faltava, apenas sabia que lhe faltava.
- A tristeza de sentir que não estou completa às vezes inunda-me a alma.
Teresa, a sua melhor amiga (40 anos, solteirona) nunca percebeu bem a situação. Muitas vezes, perguntava-lhe para tentar perceber.
- Mas sentes falta do quê? Tens um bom marido, tens uma boa casa!
- Só te posso dizer que me falta algo! Não me perguntes o quê?!
Os meses foram passando, e Anabela conheceu um aluno por quem se interessou. Ele não era muito bonito, mas era culto e interessado. Era o típico Harry Potter, a inteligência era estrondosa, o dom da palavra era algo do outro mundo e além disso, tinha carisma. Falava sobre qualquer assunto, desde do mais complicado ao mais fácil.
Ela encantou-se com ele, não lhe saia da cabeça.
- Posso ser tão feliz com o Amadeu, mas o Ernesto é um bom marido.
Estava muito apaixonada, mas tinha 12 anos de diferença do ser que a completava. O tempo era um obstáculo intransponível, tinha sempre uma rival à altura, e da mesma idade de Amadeu.
Nos dias, em que ele faltava às aulas sofria e sentia a sua falta. Quando o via, o seu corpo tremia, era uma sensação tão intensa, faltava-lhe o ar! Às vezes, Anabela sentia que tinha voltado atrás no tempo, tinha regressado à altura em que se apaixonou por Ernesto, em plena adolescência. Quando o via nem sabia o que fazer, mas depois de casada e à medida que o tempo foi passando, a magia foi-se esgotando. E agora, passados tantos anos, ao invés de amor apenas sentia carinho e amizade. Para ela, era muito complicado ter passado de um amor sufocante para um amor gelado quase inexistente. Quando conheceu o Amadeu, e se apaixonou só tinha medo que ele desconfiasse que afinal a sua professora gostava dele. Anabela estruturou algumas estratégias para impedir que a relação pudesse avançar, primeiro obrigava-o a dar o seu melhor, tinha que estudar mais que os outros, fazia-o sentir-se mal com os comentários que fazia sobre ele.
Apesar, das tentativas para o impedir de se aproximar, o amor tinha nascido. Tinha passado do estado de apaixonada para o estado de amor. E quando se apercebeu que tinha atingido outra étapa na relação, soube que não podia fugir, tinha que tomar uma decisão. À medida que o tempo ia passando, tentava fugir da decisão, a dúvida durou vários meses. Até que decidiu ficar com o seu marido, porque apesar de ter encontrado o que lhe faltava, sabia que não seria justo fazer sofrer o homem que mais a amou e melhor a tratou.
Depois de vários anos, quis o destino que a situação mal resolvida no passado se solucionasse no presente, acabou por encontrá-lo na mesma escola. Os dois davam aulas, eram colegas. E nessa altura, o sentimento reacendeu, até contou à Teresa.
- Encontrei o que me faltava!