quinta-feira, março 05, 2009

EM NOME DA VERDADE

Passam os dias com medo de ser encontrados e vistos pelas famílias. Os olhares acabam por denunciar os sentimentos que bem lá dentro vão batendo.

Gostam um do outro, mas não podem estar juntos, porque nasceram do mesmo lado. São duas histórias de vida que se cruzam. Em comum têm o mesmo denominador, "a impossibilidade de relacionamento" porque é condenável moralmente.

Estão marcados pela sociedade. O finalista de comunicação, Ricardo Gomes já assumiu à muito tempo os seus gostos sexuais sem complexos. Cresceu numa família de mulheres e conta em jeito de brincadeira "que terá ficado traumatizado". Conta que a passagem por outras realidades culturais fez dele , uma pessoa com a mente mais aberta. E talvez por isso, ser gay não é prejurativo. Antes de tudo é uma forma de estar na vida. Ricardo lembra que os "homossexuais são gente de bom gosto e com uma imagem cuidada".

No caminho pela vida cruzou -se com António Pinto, esse cheio de complexos sexuais. E por isso, vulnerável. Ricardo conta que tentou cortar com as "amarras morais que o António trazia". Esses impedimentos a nível sexual representavam uma impossibilidade de terem uma vida sexual activa e sem complexos.



A professora, Ana Antunes encontrou a mesma dificuldade junto da sua companheira. Conheceram-se numa cidade, onde garantem que "é um bom sítio para terem relações com gente de mente aberta".

Em Leiria passam a encontrar-se quando podem. Mas por questões profissionais... em muitas situações têm de fingir que não se amam. E ao invés disso, transmitir a ideia perante a família "da amiga que veio lá a casa". Embora, Ana adiente que em muitas situações todos sabem que elas são um casal. No grupo de amigos, poucos sabem. Quando conversam sobre os casamentos entre homossexuais, muitos preferem fingir que não sabem, até porque têm medo de colocar questões polémicas. Não porque não saibam que a Ana vai responder à altura, como garante, "costumo responder sempre com duas pedras na mão." Admite que as pessoas têm o direito de ter preconceitos, mas não admite que "as pessoas não tenham coragem para falar dos seus medos sexuais."

São histórias que se cruzam com os mesmos contornos , e "representam os medos dos portugueses ou os falsos medos", como garante Ricardo Gomes.





RS